A figura do Gaucho argentino

O Gaucho argentino é um símbolo cultural; muito mais do que um simples caubói.

Assim como acontece com muitos dos personagens que ultrapassam a tênue linha entre o folclore e a história, pode ser difícil distinguir os fatos da ficção, quando se trata do gaucho. Tendo isso em mente, a maioria das pessoas concorda que esses nômades pastores de gado viveram na região dos pampas, uma área que se estende da Patagônia ao Uruguai, delimitada pela Cordilheira dos Andes.

A quilômetros da civilização, os gauchos viviam da terra, caçavam gado selvagem, e viajavam, exclusivamente, cavalgando em seus cavalos. Assim como o dito popular, “o gaucho e seu cavalo são um; o homem a pé é apenas metade de um gaucho”. O cavalo era tipicamente a única coisa que um gaucho possuía - animal, companheiro e amigo desse solitário cavaleiro.

Os demais animais, no entanto, não eram tão afortunados, sendo estritamente tratados como fonte de alimento. Durante o início do século 19, sal era uma rara comodidade, o que significava que os gauchos tinham que cozinhar suas carnes imediatamente. Para fazê-lo, eles preparavam-na lentamente sobre brasa quente, um estilo de cozimento que ficou conhecido como “asado”.

Enquanto o gaucho comumente fazia suas refeições sozinho, e vivia sua vida predominantemente solitário, ele ocasionalmente cruzava seu caminho com outros de seu tipo. Com seu infame temperamento imprudente e excesso de testosterona, os encontros muitas vezes acabavam em perigosas brigas. Sempre pronto para uma rixa, carregava uma espada, conhecida como facón, em seu cinto.

Entretanto, quando a modernidade se instalou na Argentina, em meados do século 19, as coisas se aquietaram um pouco para os gauchos. Apesar de ainda passarem seus dias à céu aberto, sua vida já não era mais isolada. Expansivas estâncias (ranchos) surgiram ao longo dos pampas e rodearam as cidades grandes, especialmente Buenos Aires. Os ricos donos dos ranchos os contratavam para cuidar de seu gado e defender suas herdades. Mas o custo do avanço e o emprego estável significavam que o gaucho tinha deixado sua liberdade para trás.

Isso não quer dizer que eles envelheceram e se conformaram. Ainda pilhados, mesmo com as formalidades adquiridas, sempre foram voluntários na defesa do país quando houve guerras e ameaças. Na Guerra da Independência, contra a Espanha, em 1810, sua participação foi decisiva para a vitória argentina. Sua bravura e sacrifício no campo de batalha lhes rendeu a chance de conseguir uma reputação. Uma vez visados como meros andarilhos, começaram a ser vistos como heróis nacionais.

Atualmente, o gaucho ainda é um rosto familiar na região dos pampas, mas sua presença é predominantemente percebida na moda argentina. É um símbolo de elegância rústica, autonomia, e de fortes raízes com a terra. Grandes calças folgadas, afuniladas nos tornozelos – conhecidas como bombachas -, chapéus de caubói, boinas, e até mesmo barbearias especializadas em cuidar de bigodes. Cada pequeno detalhe que relembra a Argentina de muito atrás.

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